sexta-feira, 5 de junho de 2009

Léon Degrelle: O Último Dos Irredutíveis

on Degrelle.

Por Antônio Marques Bessa

Na noite de 8 para 9 de Maio de 1945, enquanto por toda a Europa os Aliados festejam a vitória, um pequeno bimotor Heinkel 111 descola de um aeródromo norueguês, rumo a Espanha. O seu raio de ação fica 200 km aquém do objetivo. A bordo, Léon Degrelle confia que o vento ao menos esteja de feição, e recorda a sua divisa: “Chance Degrelle – Chance Etérnelle”.

Quando o piloto alemão que transportava León Degrelle avistou a praia de San Sebastian, os ponteiros do combustível encontravam-se no zero. Uma subida quase na vertical, para fazer afluir as últimas gotas ao tubo de alimentação, permite mais alguns quilômetros de vôo. Depois de um derradeiro vôo planado, o avião despenha-se no mar, a poucas dezenas de metros da praia. Para Degrelle, algumas fraturas a juntar à lista impressionante de ferimentos recebidos em combate nada significam; alcançada a terra espanhola, provisoriamente ao abrigo da sanha persecutória dos seus inimigos – que nos anos seguintes vitimará ambos os seus pais (falecidos na prisão) e numerosos companheiros de armas –, recolhidos os seus filhos dos orfanatos para onde tinham sido atirados, a luta não cessou, mesmo num mundo que não é o seu.

Dos principais chefes do lado derrotado na II Guerra Mundial, poucos sobreviveram. Os que escreveram memórias foram freqüentemente militares, que não se pretendem herdeiros de ideologias anacrônicas. Os que detinham responsabilidades políticas – e só em muito pequeno número escaparam aos ajustes de contas – fizeram, com maior ou menor sinceridade, ato de contrição das suas atividades passadas. Encontrar, tantos anos depois, uma figura – com um passado político e militar de grande destaque – que permanece impenitente e igual a si própria, sem mudar uma vírgula do seu discurso, rindo-se dos pedidos de extradição e tentativas de rapto, de que continuou a ser objeto durante anos, é um acontecimento raro.

Essa oportunidade é-nos oferecida por um filme em duas partes de Jean-Marie Charlier, editado em cassete de vídeo em França. Encomendado pela cadeia de televisão FR31 – e posto na prateleira sem exibição, na seqüência de pressões políticas –, data de 1967 e constitui um documento invulgar, sob a forma de uma extensa entrevista, acompanhada de depoimentos e imagens de arquivo, com Léon Degrelle.

Vivendo em Espanha, aos 84 anos de idade, Degrelle é hoje o último sobrevivente de uma era que se deseja ultrapassada, mas cuja História está apenas meio escrita. A vitalidade e energia patentes no filme são as dos seus 70 anos, mas é, mesmo assim, evidente que estamos perante uma personalidade fora do comum. É das suas experiências na cena política belga e da sua participação na campanha da Rússia que nos fala Degrelle, durante quase duas horas e meia.

O seu discurso não é nem o do observador desapaixonado nem o do propagandista sem princípios. No modo como descreve os acontecimentos, que tão intensamente viveu, existe uma curiosa mistura de entusiasmo, convicção profunda e humor.

DEGRELLE E O REXISMO

Nascido numa família católica tradicionalista, Degrelle foi o fundador e principal dirigente do Rexismo, movimento político belga, fortemente influenciado pela extrema-direita maurrasiana da vizinha França. Nas décadas que antecedeu a II Guerra Mundial, o Rex teve um impacto considerável, nomeadamente em Maio de 1936, quando o movimento conseguiu eleger vinte e um deputados a nível nacional. Nessa época, no entanto, a imagem do Rexismo era menos a de uma formação extremista que a de um movimento de inspiração patriótica e católica, em luta contra a corrupção econômica.

Degrelle tinha exposto na imprensa rexista diversos escândalos financeiros que implicavam figuras conhecidas dos círculos políticos e da própria Igreja. Ouvindo-o falar em 1936 dos casos de mandatos parlamentares e acumulações financeiras ilegítimas que denunciava nos anos trinta, do poder dos banksters e da corrupção da hierarquia católica, fica-se com uma visão necessariamente unilateral dos casos da época, mas adquire-se igualmente a convicção de que a sua indignação é genuína, e os escândalos mais que simples expedientes políticos eleitoralistas. Durante as campanhas eleitorais em que Degrelle recolhia fundos levando a cabo meetings de massas em que o ingresso era pago, o Rexismo havia revelado uma forte implantação no proletariado e pequena burguesia. Em 1937, a Igreja adota uma posição claramente hostil, proibindo o voto nos rexistas.

A derrota eleitoral que se segue é conseqüência direta do que os rexistas passam a considerar como a traição da hierarquia católica, e marca o início de um resvalar progressivo dos seus dirigentes para posições cada vez mais identificáveis com as doutrinas de aspecto fascista, em ascensão por toda a Europa.

Quando em 10 de Maio de 1940, a Bélgica se vê invadida, Degrelle encontra-se em plena travessia do deserto político. O que não impede o Governo belga de proceder à sua detenção, e de o entregar, juntamente com vários correlegionários, às autoridades de um país estrangeiro – a França – a fim de ser internado como um vulgar inimigo. Depois de escapar por pouco ao sinistro episódio de Abbeville – em que 21 detidos políticos são assassinados pelas tropas francesas –, Degrelle inicia um périplo por vinte e duas prisões ao qual sobrevive, apesar de bastante maltratado. Uma vez regressado à Bélgica, é recebido pelo Rei em Agosto de 1940, e é pressionado para fazer equipe com o chefe dos socialistas De Man, ex-ministro do Governo que lhe infligira a derrota eleitoral, agora adepto de uma colaboração com a Alemanha.

Os pactos políticos de conveniência, porém não lhe interessam e, em 1941, quando a Alemanha invade a União Soviética, a sua componente aventurosa e o gosto pela ação direta levam-no a alistar-se na Legião de Voluntários Valões. Hitler envia um telegrama nomeando-o tenente. Recusa a oferta, e é como simples soldado raso “para ganhar os seus direitos” que parte com os primeiros voluntários.

NO INVERNO RUSSO

A história dos voluntários valões e a da sua própria carreira militar fulgurante, em três anos e meio de campanha na União Soviética, são o tema da segunda parte do filme. Alistado como metralhador de segunda classe, Degrelle conhece os seus primeiros combates na Ucrânia, onde o pequeno batalhão inicial de valões se encontra integrado no Grupo de Exército Sul. Promovido por distinção diretamente de cabo a alferes, participa uma e outra vez em ações de combate próximo, de que resultam múltiplos ferimentos, e percorre rapidamente os postos sucessivos, vindo a assumir o comando da unidade depois da morte em combate do seu predecessor Lippert. Em Maio de 1943, a Legião é transferida para as Waffens-SS, com a designação de “Sturmbrigade” Wallonie, participa repetidamente em ações decisivas, passa a divisão em princípios de 1945, e nos últimos dias está reduzida à meia dúzia de sobreviventes.

Quando a guerra termina, Degrelle tem a patente de coronel das Waffen-SS, é o único estrangeiro a possuir a cruz de cavaleiro da cruz de ferro com as folhas de carvalho, e é um dos onze únicos detentores da placa de ouro do combate corpo-a-corpo, em todo o Exército alemão.

A sua memória da guerra no Leste é a visão dos acontecimentos de alguém que não só os viveu na violência do combate próximo e na responsabilidade do comando, mas conheceu de perto alguns dos protagonistas históricos que os moldaram. As suas opiniões sobre o desenrolar da guerra na Rússia divergem, por vezes, das versões habitualmente aceitas: manifesta, por exemplo, uma forte convicção de que a derrota da ofensiva sobre o saliente soviético de Kursk – uma das batalhas mais importantes de toda a guerra, onde se deram os maiores combates de forças blindadas da História – se deveu ao fato de a espionagem soviética ter tido conhecimento dos planos alemães, uma hipótese verossímil quando se considera a extrema eficácia dos serviços de informação aliados e a importância crucial que a Ultra teve na frente ocidental. É, no entanto, quando Degrelle fala na sua experiência pessoal e direta do inferno de Tcherkassy, na Ucrânia, ou dos últimos combates na Estónia ou na Pomerânia, que as suas palavras suspendem a respiração dos que o querem ouvir.

Imaginar o que terá sido o combate na interminável estepe russa, com equipamentos inadequados para o Inverno, em condições de constante inferioridade numérica, com uma frente da largura de um continente a defender, é em si difícil. Quando se ouve Degrelle descrever os extremos de temperatura da ordem dos 40 graus negativos, a lama – pior que a neve – onde durante o degelo homens, animais e veículos se afundavam, as intermináveis ondas humanas do Exército soviético permanentemente renovadas, contidas em condições desesperadas, apercebemo-nos melhor do caráter apocalíptico dessa luta e do seu significado para os que nela participaram.

EUROPA E BORGONHA

Para Degrelle, o que estava em jogo não eram mais pequenas questões de política local, mas o nascimento de uma Europa de nações solidárias, readquirindo, sob a direção militar alemã, a importância geopolítica que lhe pertencia de direito próprio. Na reordenação do continente, voltaria a ter lugar uma unificação entre a França e a Alemanha, segundo as linhas do estado medieval formado pelos duques da Borgonha no séc. XV, desaparecido numa conjunção de acidentes dinásticos e desastres militares; através da aspa vermelha em campo de prata dos seus estandartes, o sonho borgonhês esteve presente em todos os combates da brigada Wallonie.

O que teria sido a evolução política de uma Europa aglutinada sob as ideologias antidemocráticas da época, jamais saberemos, mas é talvez importante notar que, mais que o poder de atração das mesmas, foi o combate anticomunista que fez correr um grande número de voluntários à frente leste. Degrelle é um daqueles para quem ambas as motivações existiram, e as suas palavras não deixam dúvidas disso. O destino da Europa Central e Oriental, na seqüência da vitória aliada, no entanto, deveria temperar a nossa tentação de culpabilizar excessivamente os que duvidaram do monopólio aliado da virtude…

Um episódio quase humorístico dá, de resto, a medida do caráter de Degrelle. Tendo descoberto que dois dos seus voluntários, ex-polícias de Bruxelas, mantinham informada a Gestapo sobre os comportamentos dos seus camaradas, faz uma alocução referindo a presença de dois espiões e acrescenta: “Jurai que esses homens estão mortos”. “Juro!”, respondem todos a uma voz. Horas depois, ambos os informadores tinham desaparecido, e sido dados como desertores. Alguns dias mais tarde eram capturados pelas autoridades alemãs…

HITLER

Degrelle menciona as suas reminiscências de algumas das personagens mais misteriosas do III Reich, tais como Himmler e Bormann, mas é quando aborda a personalidade de Hitler que as suas considerações se revestem de um interesse especial. Hitler é, evidentemente, um dos grandes enigmas do século. Na imagem da propaganda do tempo da guerra, era um ex-pintor de paredes, deficiente mental, com anomalias físicas e taras sexuais de última ordem, que chegaram a ser detalhadas numa obra de pseudo-psiquiatria. No pós-guerra, tornou-se um caso menos patológico, mas mais malevolente, um ditador histérico, que não tolerava a mínima oposição e, nos últimos tempos, se encontrava incapacitado, sempre à beira do ataque de fúria, um verdadeiro desastre como estratego militar, responsável por inúmeros insucessos alemães.

Apesar da sua suposta vulgaridade, no entanto, Hitler tem fascinado os biógrafos como poucas outras personalidades do séc. XX. Obras como as de John Toland ou David Irving têm contribuído para fazer luz sobre múltiplos aspectos da sua passagem meteórica pelo palco da História. A imagem que emerge dos vários estudos recentes, relega a maior parte das alegações propagandísticas à condição de lendas; Hitler possuía uma extraordinária intuição militar e política, um vasto conhecimento de História, quase sempre considerou detalhadamente os pontos de vista que contradiziam os seus, e morreu de plena posse das suas faculdades mentais e físicas, apesar do desgaste nervoso e dos ferimentos recebidos no atentado de 1944. Esta imagem é bem reforçada por Degrelle, que acentua que o seu declínio e intratabilidade são míticos.

Degrelle conheceu de perto Hitler – que o tratava pelo primeiro nome – nos seus quartéis-generais da frente leste, e narra vários episódios do seu convívio privado. Num deles, reparando no desgaste das botas que Degrelle usava, Hitler vai buscar um dos seus próprios pares de botas, e, ao verificar que Degrelle calçava um número abaixo, estende-lhas despretensiosamente depois de lhes enfiar umas folhas amachucadas do Völkischer Beobachter. Noutro, cruzam-se, Hitler pergunta-lhe para onde se dirige, Degrelle responde que vai à missa, e Hitler, que como se sabe não era muito católico, diz-lhe: “Se a minha mãe fosse viva, acompanhava-o com certeza”.

OS DIAS DO FIM

Quando Hitler abandona o mundo dos vivos da forma que escolheu e o círculo de aço russo se fecha sobre os últimos defensores de Berlim, Degrelle sabe bem o destino que o espera se cair nas mãos dos seus inimigos. Gastos os seus recursos financeiros pessoais para ajudar os seus soldados a desaparecer, consegue atingir Copenhague onde assiste à aterragem dos primeiros aviões ingleses. Daí para a Noruega o seu passaporte é a cruz de ferro com as folhas de carvalho: a sua exibição furtiva perante o pessoal alemão ainda nos seus postos, abre-lhe todas as portas e faculta-lhe os transportes. Depois é a viagem do avião solitário, de onde avista, por entre as trevas, as luzes festivas de Paris.

Para Degrelle, 1945 foi o apocalipse de uma idéia da Europa e a II Guerra Mundial um combate perdido. Como para muitos dos que combateram do seu lado – e do lado contrário – a sua percepção foi a de uma luta de vida ou morte pela sobrevivência dos valores do Ocidente. Que a guerra em si tenha estado na origem da ruptura generalizada de todos os valores, e tenha afundado as nações civilizadas em abismos de destruição e hipocrisia, que não seriam acreditadas no séc. XIX, talvez não lhe tenha ocorrido – como não ocorre aos que, cinqüenta anos depois, continuam a promover as mitologias maniqueístas de sinal inverso, herança direta da propaganda de 1939-1945.

Das ruínas da guerra, no entanto, a par da bancarrota moral dos governos e dos sofrimentos indizíveis infligidos às populações, alguns monumentos permanentes se erguem: seriam necessários critérios bem estreitos para que os historiadores futuros, debruçados sobre as guerras do séc. XX com a mesma isenção política com que estudamos hoje as campanhas napoleônicas, não reconhecessem, a par do heroísmo e generosidade individuais da batalha de Inglaterra ou da defesa de Leningrado ou Berlim, a dos combatentes voluntários europeus da frente leste, à cabeça dos quais se encontraram homens e se escreveram epopéias como a de Léon Degrelle.

Às armas pela Europa! – Discurso pronunciado por Léon Degrelle no Palácio de Chaillot – Paris, 5 de Março de 1944.

A SAÚDE DO POVO

A unidade está feita e só a unidade poderá triunfar. A Europa não se faz só porque está em perigo, mas porque possui uma alma. Não estamos unidos por qualquer coisa de negativo, como salvar a pele. O que mais importa na Terra não é viver, mas viver bem. Não é a arrastar cinqüenta anos de inatividade, é, durante um ano, durante oito dias, ter vivido uma vida orgulhosa e triunfante.

Os intelectuais podem desenvolver as suas teorias. Que o façam. São jogos inocentes, embora muitas vezes jogos de decadências. Quantos franceses se comprazem nestas subtilidades! Quantos franceses pensam ter feito a revolução só porque escreveram um belo artigo sobre a revolução! A Europa é o velho país da inteligência e as grandes leis da razão são indispensáveis à harmonia européia. Mas, apesar de tudo, o nosso século significa outra coisa além do despertar das forças da inteligência. Há muitas pessoas inteligentes que nada mais foram que seres estéreis. Despertando todas as forças instintivas e sussurrantes do ser humano, recordando que há uma beleza do corpo e uma harmonia, que não se conduzem povos de anões, de zés-ninguém e de seres disformes, lembrando que não há ação sem alegria nem alegria sem saúde, o racialismo, despertando estas grandes forças que vêm do fundo do mundo, conduz à cabeça da Europa uma juventude sã e indomável, uma juventude que ama, uma juventude que deseja. Também, quando olhamos o mundo, não é para o analisar... Mas para o tomar!

A Alemanha entregou este serviço inestimável a uma Europa decadente ao ter lhe trazido a saúde. Quando olhávamos para a Europa anterior à guerra, quando íamos a esses circos de animais que eram as assembléias parlamentares, quando víamos todos essas carantonhas, todos esses senhores embrutecidos, as suas barrigas enormes, como se tivessem estado grávidos demasiadas vezes, as faces fatigadas, os olhos pisados, perguntávamos: "É isto o nosso povo?" O povo francês ainda conhecia os ditos espirituosos que eram, no fundo, uma forma de troça e de revolta, mas já não essa grande alegria inocente da força; enquanto que a Alemanha, sim, possuía esse reservatório de forças sem limites. Que é que vos espantou, homens e mulheres da França, quando vistes chegar os alemães em 1940?... É que eles eram belos como deuses, de corpos harmoniosos e ágeis, é que eram escorreitos. Nunca vistes um jovem guerreiro, nem o vedes ainda a esta hora na Rússia, com uma barba democrática. Em tudo isso há aprumo, comportamento, raça, boa cara!

Com o racialismo, com este despertar da força sã, a Alemanha devolveu logo de início a saúde ao seu povo e, depois, à Europa inteira. Quando partimos para a Rússia, disseram-nos: "Ireis sofrer lá, sereis homens envelhecidos antes do tempo". Quando regressamos da Frente, olhamos para os outros... E nós é que os achamos velhos, ao mesmo tempo que sentíamos nas veias uma força que nada fará parar!

REVOLUÇÃO DO POVO

Em toda a parte na Europa o povo era desgraçado, em toda a parte o bem-estar era monopolizado por algumas dezenas de monstros anônimos – bem-estar material fechado nos cofres fortes dos bancos, bem-estar espiritual camuflado com todas as formas da corrupção. A Europa estava velha porque não era feliz, os povos já não sorriam, porque não se sentiam a viver.

Neste momento preciso, que se passa ainda? Quer se olhe em Paris ou em Bruxelas, encontra-se nos subúrbios o mesmo povo humilhado, com salários de fome, com uma alimentação de leprosos. Chega-se às avenidas e encontram-se esses gordos pachás indolentes, atoucinhados de bifes e de notas de mil, que vos dizem: "É prática, a guerra; antes, ia-se ganhando, com a guerra ganha-se, depois da guerra ganhar-se-á". Ah, sim, não perdem pela demora!... Hão de ganhar as descargas das nossas pistolas-metralhadoras e a corda dos enforcados!

Porque, o que mais nos interessa na guerra é a revolução que se seguirá, é de devolver a milhões de famílias operárias a alegria de viver, é que milhões de trabalhadores europeus se sintam seres livres, orgulhosos, respeitados, é que em toda a Europa o capital deixe de ser um instrumento de dominação dos povos e se torne um instrumento ao serviço do bem-estar dos povos!

A guerra não pode terminar sem o triunfo da revolução socialista, sem que o trabalhador das fábricas e o trabalhador dos campos sejam salvos pela juventude revolucionária. É o povo que paga, é o povo que sofre. A grande experiência da frente russa prova-o. O povo mostrou que é capaz de fazer a sua revolução sem os intelectuais. Nas nossas fileiras, oitenta por cento dos nossos voluntários são operários! Mostraram que têm a cabeça mais limpa e que viram mais longe que milhares de intelectuais, que só têm tinta na caneta, o vazio na cabeça e, sobretudo, nada no coração, intelectuais que se pretendem de elite! Tudo isso acabou!

As verdadeiras elites formam-se na frente, é na frente que se cria uma cavalaria, é na frente que nascem os chefes! A verdadeira elite de amanhã está lá, longe do palavrório das grandes cidades, longe da hipocrisia e da esterilidade das massas que não compreendem coisa nenhuma! Cria-se durante os combates grandiosos e trágicos, como o de Tcherkassy! Foi para nós uma alegria soberana encontrarmo-nos lá entre jovens vindos de todos os cantos da Europa. Estavam lá milhares de alemães da velha Alemanha, homens do Báltico - principalmente o Batalhão Narva com os letões – havia rapagões louros dos países escandinavos, dinamarqueses, holandeses, os nossos irmãos de armas flamengos, húngaros, romenos. Havia também franceses que vos representavam nesta amálgama, ao mesmo tempo que tantos dos vossos compatriotas estavam agregados a outros setores da Frente do Leste. Lá, entre todos nós, estabeleceu-se uma fraternidade completa, porque tudo mudou com a guerra. Quando vemos na nossa Pátria um velho burguês barrigudo, não consideramos que faça parte da nossa raça, mas quando vemos um jovem revolucionário da Alemanha, imaginamos que ele é da nossa Pátria, pois que todos estamos com a juventude e com a Revolução!

Somos soldados políticos e a insígnia SS mostra à Europa onde está a verdade política, onde está a verdade social. Reunindo em todo o lado este exército político do Führer, preparamos os quadros políticos do pós-guerra. A Europa terá amanhã elites como nunca teve ocasião de conhecer. Um exército de jovens apóstolos, de jovens místicos, sustentados por uma fé que nada destruirá, sairá um dia deste grande seminário da Frente. Por isso, é lá, franceses, que é necessário estar presente!

CADA POVO TEM QUE MERECER O SEU LUGAR

Nos partidos nacionais há agora na França homens que compreenderam que é necessário trabalhar com toda a Europa, que compreenderam sobretudo que a unidade revolucionária da Europa é a SS. Em primeiro lugar, porque a SS teve a coragem de seguir a direito e de ir fortemente ao encontro da verdadeira revolução socialista. Desde há um ou dois anos vimos a França na Frente. E agora, no interior, vemos a França: a França dos de Brinon, dos Déat, dos Doriot, dos Darnand, mas, principalmente, a França da juventude! Vemos algo mais que sujeitinhos ao balcão dos bares, de cigarro ao canto da boca e prontos a engolir o pernod. Vêm-se rapazes altos, bem constituídos, capazes de fazer a revolução e de escolher na França uma rapariga bonita para lhe dar crianças vigorosas!

Vós tendes desde há anos, proporcionalmente, três vezes menos crianças que os russos, duas vezes menos que os alemães. Poderia perguntar-se porquê, neste país de amores. O amor não vai longe sem crianças! Não são elas a poesia e a ressurreição do amor?...

Esta falta de natalidade era um dos sintomas da impotência geral dos povos democráticos, impotência de ver ao longe, impotência de ter audácia, impotência diante do fervor revolucionário e impotência perante as privações, perante os próprios sofrimentos. É necessário dizer-vos, franceses, que perdestes cinqüenta anos numa Europa de soldados que luta, que mostra a sua coragem, que tem necessidade de ser heróica, mas que prepara uma revolução social e assentos morais para cada povo. Não pode ser possível que centenas de milhares de homens sejam mortos, levados pelas virtudes mais sublimes, para que se caia a seguir na imundície da mediocridade, da baixeza, da indolência. A Frente não criou somente forças de saúde no terreno militar, forças revolucionárias que passarão amanhã através de tudo, prepara a Revolução que é mais necessária para a Europa: a revolução espiritual. Temos necessidade de homens direitos e puros, dos que sabem que as mais altas alegrias do homem moram na alma. Não admitiremos a mediocridade da alma, não admitiremos homens a viverem de alegrias sórdidas, virados para o seu egoísmo, numa atmosfera mesquinha. Queremos elevar os povos, levar-lhes o gosto, a grandeza. Queremos que os povos tenham a alegria soberana de se elevarem para além da vida quotidiana.

Eis porque, caros camaradas, devemos estar unidos. A Europa organizada contra o comunismo, para defender a nossa civilização, o nosso patrimônio espiritual e as nossas velhas cidades, deve estar unida, e cada povo tem que merecer o seu lugar, não a invocar o passado como razão, mas dando o sangue que lava e purifica. A Europa deve estar unida para realizar sob o signo da SS a Revolução Nacional-Socialista e para trazer às almas a Revolução das Almas!

Voluntários de mais de vinte países agrupados às centenas de milhares na Frente do Leste, unidos a uma juventude alemã maravilhosa de fé e de entrega, todos nos entendíamos depois de quatro anos de ideais forjados em comum e de sacrifícios comuns!

Sem a resistência heróica, de uma tenacidade impensável, do Exército alemão e dos 600.000 voluntários não alemães da Frente do Leste, sem os 900 dias de luta, passo a passo, de Stalingrado a Berlim, adeus Europa!

Léon Degrelle, em Abril de 1943, depois de lutar na frente contra a URSS.

Léon Degrelle com suas filhas em um blindado, Bruxelas – 1944.
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